Não faz muito tempo que uma linha telefônica no Brasil custava algo em torno de 2.000 dólares.
Demorava algo como dois anos para ser instalada e era incluída na declaração de imposta de renda como patrimônio pessoal. Naquele período - final dos anos 90 - havia 19 milhões de linhas fixas em operação. Apenas 3% da população tinha celular. Os felizardos proprietários tinham direito a um serviço caro e ruim. O Brasil era pátria de um dos mais primitivos e risíveis sistemas de telecomunicações do mundo. Hoje, ainda que com distorções e problemas, há 62 milhões de linhas fixas e 242 milhões de celulares em funcionamento no país. A comunicação telefônica tornou-se algo tão banal que aquele país do final dos anos 90 para algo difuso, estranho e incompreensível. No meio dessas duas realidades está a privatização das empresas de telecomunicações, um movimento que, a exemplo de todos os outros processos desse tipo, tem sido ora demonizado, ora renegado, a depender da conveniência política do crítico de plantão.
Somos constantemente acusados de ser uma sociedade de memória curta - mas pelo bem do futuro é prudente não esquecer as lições do passado.
O sistema de telefonia de ontem é nosso sistema aeroportuário de hoje. Temos alguns dos mais obsoletos e ineficientes aeroportos do mundo, instalações que contradizem nossa ambição de nos tornamos uma potência econômica e que sob o comando do Estado só pioram conforme o tempo passa. Minha experiência com aeroportos no Brasil se iniciou em 2005 e a longo destes anos só se vê placas com propagandas informando que "estamos trabalhando para seu conforto", mas que nada fazem a não ser esconder a ineficiência. É por isso que, a despeito da polêmica gerada pelo resultado do leilão, a concessão deve ser encarada como uma vitória da razão e da experiência sobre o obscurantismo ideológico. Demos um passo fundamental - espera-se que o primeiro ruma á inadiável modernização da infraestrutura brasileira. Teremos muito a comemorar se, daqui a alguns anos, olharmos para trás e nos perguntarmos como podíamos conviver com tamanho absurdo.
Fonte: EXAME.
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