Há pouco mistério na maneira como os mais antigos investidores aplicam em ações com sucesso. O segredo dizem eles, é ter disciplina e paciência para seguir regras básicas. Veja algumas delas:
- Estar disposto a aplicar numa ação por anos - as fortunas desses investidores na bolsa foram construídas ao longo de décadas. Por exemplo, Luiz Barsi tem ações do Banco do Brasil desde os anos 70 e chegou a pagar o equivalente a 50 centavos pelo papel, que hoje custa cerca de 15 reais. Victor Adler aplica em Petrobras e Souza Cruz há 30 anos. Em geral, eles só vendem suas ações em casos excepcionais;
- Analisar as companhias a fundo - Olhar o balanço financeiro é só parte do trabalho. Esses investidores visitam escritórios e fábricas, avaliam o perfil dos executivos e controladores da companhias e a situação da concorrência e acompanham tudo isso periodicamente, para medir como as mudanças podem influenciar os resultados;
- Colocar os ovos em poucas cestas - eles compartilham a opinião do bilionário americano Warren Buffett: que sabe o que está fazendo não precisa diversificar. Por exemplo apesar de ter centenas de milhões de reais na Bovespa, eles não costumam ter mais de 15 ações em carteira e geralmente, não investem em outros mercados, como o imobiliário. Todos os esforços ficam concentrados na bolsa;
- Comprar ações de empresas que pagam dividendos - esses papéis compõem boa parte da carteira deles. O objetivo é garantir um retorno parecido com o da renda fixa, para sofrer menos com o vaivém da bolsa. Por exemplo a Eternit distribui 20 centavos por ação todo trimestre. Quem tem 30 000 papéis da empresa (cerca de 300 000 reais), recebe, por mês, 2 000 reais em dividendos, não importa se o preço da ação subiu ou caiu.
Esses acionistas também ganham dinheiro evitando cometer grandes erros. Veja o que eles não fazem:
- Comprar só porque fico barato - procurar ações baratas é só parte da análise. Para eles, papéis subvalorizados podem ficar assim para sempre. Parisotto, por exemplo, só investe em empresas lucrativas;
- Prestar atenção em boatos - dicas de amigos são ouvidas, mas com cautela. Eles geralmente usam isso como ponto de partida para pesquisar melhor sobre a empresa;
- Negociar no curtíssimo prazo - esses investidores preferem usar o tempo para analisar as empresas, em vez de passar o dia comprando e vendendo ações (day trade) para ter ganhos imediatos;
- Investir em abertura de capital - o problema, segundo os acionistas, é a falta de histórico das empresas que abrem o capital. Geralmente, eles acham que o risco não compensa.
É claro que, na prática, as coisas complicam um pouco. O segredo, destes investidores, é saber escolher empresas que mantenham uma política estável de dividendos. E ainda, como costumam ter fatias relevantes do capital das empresas em que aplicam, esses investidores conseguem participar da gestão: podem sugerir mudanças, vetar planos de investimentos e até aprovar a contratação de executivos. Talves seja esta a face mais importante desse grupo, a sua capacidade de intervir nas empresas e melhorar a gestão.
É provável que, nos próximos anos, aumente o número de grandes investidores na bolsa. Nunca houve tantos milionários na país, e a renda dos brasileiros cresce a cada ano, o que, pelo menos em tese, abre espaço para que mais recursos sejam poupados. Além disso, com a queda do juros, espera-se que mais pessoas fiquem tentadas a comprar ações. A novidade é então o surgimento de um grupo que olha o longo prazo, quer construir fortuna aos poucos e ajudar as empresas nas quais investem. Portanto, é preciso ter investidores de diferentes perfis. Um mercado depende disso para se tornar maduro. de fato.
Fonte: EXAME
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