terça-feira, 13 de setembro de 2011

UMA QUESTÃO DE CULTURA

A maior diferença entre o Brasil e os EUA não está no que os americanos têm, podem ou sabem - e sim no que eles são, acreditam e praticam.

     Não precisa morar nos EUA basta um pouco de informação sobre a sociedade americana, através de livros e revistas que muda-se radicalmente a visão de mundo.
   Morar fora do Brasil deveria ser obrigatório para todos os brasileiros. Isso tornaria o Brasil um outro país. As verdadeiras diferenças entre o Brasil e os EUA levam tempo para serem percebidas. Elas têm muito mais a ver com atitudes e expectativas dos americanos. Eis algumas características que devem ser observadas com mais atenção e quem sabe até absorvê-las:
  • Governo não resolve nada, quem resolve são as pessoas e a sociedade. Ninguém espera que o governo resolva nada - pelo contrário, o americano detesta o governo, especialmente o federal. Exatamente o contrário do brasileiro, que acha que tudo é culpa do governo e que tudo está como está (e sempre ruim) porque o governo não resolve. Para o americano, o governo que importa é o local, o da sua cidade. É onde se discute a qualidade das suas escolas e se elegem os chefes de polícia, por exemplo. Mas mesmo assim, os cidadãos não hesitam em ir à luta e atacar de frente seus problemas, em vez de esperar sentados pelo governo.
  • Faça o que eu digo e faça o que eu faço - uma das características do comportamento brasileiro que mais contribuem para o atraso social é a relatividade com que se julga o certo e o errado. Se os outros fazem, é errado. Se um dos nossos, bem ai depende. Pode ser apenas o jeitinho brasileiro. Todo mundo se escandaliza com a corrupção institucionalizada pelo PT, mas uma grande parte dos escandalizados não se recusa a, por exemplo, comprar mercadoria contrabandeada (pirataria). Como se imagina que estas mercadorias chegam até aqui? Não seria isso uma forma indireta, mas ativa de corrupção de funcionários do próprio governo que se critica? Todo mundo critica a polícia e a política. Mas, de novo, uma boa parte dos críticos não se nega a usar expedientes alternativos para escapar de uma multa na estrada.
  • Tudo o que vale a pena ser feito, vale a pena ser BEM FEITO - essa é a lei máxima não escrita do espírito empresarial americano. Funciona assim: se você é um garoto, no seu primeiro emprego, fritando hamburger, você está tentando ser o melhor fritador de hamburger do mês. Do ano. Você está realmente se esforçando. Você quer bater o recorde de hamburguers fritos por hora de sua lanchonete. A dura realidade é que poucos profissionais no Brasil, sejam de que nível forem, colocam a paixão e empenho no seu trabalho. Isso é porque o trabalho não nos leva a lugar nenhum, você dirá certo ou errado? Vê-se em vários, inúmeros casos de oportunidades abertas esperando candidatos com iniciativa e vontade de vencer. Já pensou que executar mau uma tarefa dá quase o mesmo trabalho.
  • Se você acha que pode, você pode - essa é a máxima que melhor descreve, a filosofia de vida da sociedade americana. Ela perdeu um pouco a sua força devido à sua banalização, de forma primária e superficial, pela indústria de auto-ajuda e suas receitas enlatadas de sucesso. Mas não deve se esquecida. A minha interpretação é a de que todos são capazes de atingir objetivos muito mais ambiciosos do que pensamos ser possível. Uma série de fatores e circunstâncias, o modo de criação, o histórico familiar, a cultura, os meios de informação, a energia pessoal, colabora para formar a percepção do quão longe se pode ir e o quanto se pode realizar.
    Ai está a questão: os americanos acreditam em si mesmos devido à sua história, ou é a história o resultado direto dessa crença? Não importa. O que interessa é aprender o quanto a crença na capacidade de traçar o próprio destino é importante para a construção de uma país melhor e do futuro de cada um. 

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